Na véspera da estreia, Fábio Aurélio sofre lesão e deve parar por 6 meses
Lateral rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito no treino do Grêmio deste sábado, o último antes do jogo contra o Atlético-MG
Fabio Aurélio deixa o treino do Grêmio lesionado
Depois de ter o nome publicado no BID como jogador do Grêmio e a titularidade confirmada contra o Atlético-MG às 18h30 de domingo, no Olímpico, Fábio Aurélio teve sua estreia adiada. No treino da manhã deste sábado, o último antes da partida pela sétima rodada do Brasileirão, o lateral-esquerdo sofreu lesão no joelho em uma dividida.
Após exames realizados no início da tarde deste sábado, foi confirmado o rompimento do ligamento cruzado anterior e Fábio Aurélio deverá ficar cerca de seis meses longe dos gramados. O jogador precisará passar por cirurgia, mas a data ainda não foi confirmada pelo departamento médico gremista.
– Como todos sabem, o prognóstico dessa lesão é de seis meses de afastamento, portanto, encerrando a temporada dele – lamentou Bolzoni em entrevista coletiva.
O médico ainda ressaltou que esta lesão não tem vínculo com alguma outra já sofrida pelo jogador.
– O lance foi totalmente ocasional, sem nenhum vínculo com qualquer lesão anterior. Lamentamos muito, o jogador faria sua estreia, e provavelmente vai passar por uma cirurgia.
Logo no início do treino, um recreativo, Fábio Aurélio sentiu o problema no choque com o companheiro. Foi atendido no gramado, e saiu de campo com dificuldades para caminhar. Anderson Pico, reintegrado ao grupo, surge como alternativa para a vaga.
Primeiro treino sem Victor
Outra mudança confirmada desde sexta-feira é no gol. Vendido para o Atlético-MG, Victor dá lugar a Marcelo Grohe já no domingo. Pela manhã, o ex-gremista se despediu dos torcedores que compareceram ao Olímpico. Às 13h o novo reforço do Galo concede entrevista coletiva em Porto Alegre.
Victor contesta Odone e afirma que não pediu para sair do Grêmio
Em entrevista coletiva neste sábado, o goleiro, que ruma ao Atlético-MG, disse que o clube gaúcho não fez contraproposta ao Galo
Victor concedeu entrevista em hotel para explicar saída do Grêmio
A saída de um dos ídolos recentes da história do Grêmio foi marcada por discursos distintos. Em entrevista coletiva concedida direto de um hotel de Porto Alegre neste sábado, o goleiro Victor garantiu que não gostaria de deixar o Olímpico e afirmou que sequer recebeu uma contraproposta da direção para permanecer envergando a camisa 1 do Tricolor gaúcho.
Versão totalmente diferente da apresentada ainda na noite de sexta-feira pelo presidente Paulo Odone. Logo depois de confirmar a venda (por 3 milhões de euros mais direitos econômicos do zagueiro Werley), o mandatário disse que foi procurado pelo goleiro, que pediu para ser negociado com o Atlético-MG.
Por vontade própria ou não, o certo é que Victor não defende mais o Grêmio e, a partir de segunda-feira, será jogador do Galo por cinco anos. De acordo com o goleiro, os valores apresentados pelo novo clube foram muito elevados:
- Houve uma conversa entre os clubes. Foi passada uma proposta ao Grêmio e os valores eram realmente muito bons. Mas o Grêmio não fez uma contraproposta para mim. Eu não pedi para sair. Os clubes se acertaram - disse.
De 2008 a 2012: Victor no Grêmio
Jogos
263
Título
Gauchão 2010
Foi capitão duas vezes, com Silas e Caio Júnior, nos anos de 2010 e 2012
A ironia da negociação é que, no próximo domingo, passado e futuro de Victor se encontram, às 18h30m, no Estádio Olímpico. Grêmio e Atlético-MG duelam pela sétima rodada do Brasileirão. Questionado sobre o time que teria a sua torcida, o goleiro foi político:
- Eu ainda não tenho nada assinado com o Atlético, há só um acerto verbal, então precisamos ter um pouco de cautela. Será um jogo de seis pontos. Que bom se fosse possível dar três pontos para cada um.
Victor chegou ao Grêmio em 2008 e tinha contrato até 2015, num plano de carreira a longo prazo. Sua história no clube chega ao fim com 263 partidas disputadas. Estreou em 19 de janeiro de 2008, quando a equipe do então técnico Vanger Mancini bateu o 15 de Novembro por 3 a 0, pelo Gauchão.
Seu último jogo foi no domingo passado, dia 24 de junho. Na ocasião, o time de Vanderlei Luxemburgo venceu o Flamengo por 2 a 0, com Victor como um dos destaques. O goleiro lamentou, na coletiva, ter deixado o Olímpico sem uma taça de expressão - conquistou um Gauchão, em 2010.
- Eu trocaria todas essas conquistas pessoais por um grande título pelo Grêmio - disse, referindo-se aos prêmios como melhor goleiro do Brasileirão de 2008 e 2009, entre outras homenagens.
No Atlético-MG, vai enfrentar situação semelhante. Assim como o Grêmio, o Galo se ressente de uma conquista relevante há anos.
- Não tenho medo de desafios - avisou Victor, que também reforçou o desejo de voltar a ser convocado.
Pelo clube gaúcho, chegou a Seleção em 2009, sendo integrante do grupo campeão da Copa das Confederações. Também foi o goleiro titular na estreia de Mano Menezes com a amarelinha, em vitória sobre os Estados Unidos por 2 a 0.
Com a saída de Victor, que havia atuado em todos os jogos do Grêmio neste ano, Marcelo Grohe, prata da casa desde os 13 anos, assume a condição de titular.
De milagres e fantasmas, 'era Victor' termina com goleiro em boa fase
Rumo ao Galo, goleiro deixa Grêmio sem títulos de relevo e com 'trauma Gre-Nal', mas retoma padrão de 2008 e se refaz de 2011 de falhas
Talvez Victor nem soubesse que a sua última partida de azul seria contra o Flamengo, no último domingo, pelo Brasileirão. Mesmo assim, foi uma despedida para se guardar. O Grêmio jogou bem, venceu, e o goleiro saiu sem ser vazado e ainda dono de uma das defesas da rodada (veja ao lado). Os derradeiros 90 minutos foram fiéis à boa parte de seus quatro anos e meio de estádio Olímpico. Mas Victor também passou por provações nesse tempo. Com a saída rumo ao Atlético-MG firmada na noite de sexta-feira, o balanço da "Era Victor" é agridoce - como a vida de qualquer jogador que elege a pequena área como habitat natural e as luvas como eterna companheira.
O sucesso de Victor no Grêmio foi tão veloz e surpreendente quanto a sua saída, negociada em poucas horas. Foi anunciado pela direção no site oficial do clube em 18 de dezembro de 2007. Indicação do então técnico Vagner Mancini, chegou discreto, mas rapidamente assumiu a condição de titular absoluto. Sobreviveu incólume à demissão do treinador e seguiu firme com Celso Roth. Aos poucos, o desconhecido goleiro, aposta trazida do Paulista, impressionou os gremistas com um repertório sortido de defesas milagrosas.
Identificado com o Grêmio: até a casa de Victor é azul
Foi um dos protagonistas da campanha do vice-campeonato nacional e levou o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão 2008 (abaixo, uma das defesas marcantes daquele ano). Esse padrão o acompanhou por toda a trajetória no Grêmio: bons jogos, grandes defesas, prêmios individuais aos montes, mas sem sucesso na hora de erguer um troféu de expressão. Apesar de sempre reforçar esse discurso por títulos relevantes, Victor jamais conseguiu colocá-lo em prática. A taça que gravou em seu currículo chegou em 2010, com a conquista do Gauchão.
Em compensação, acumulou, além do reconhecimento de 2008, o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão de 2009 e o segundo lugar em 2010. Com o seu trabalho sob as traves, chegou à Seleção em 2009, com Dunga.
Esteve no grupo campeão da Copa das Confederações. Não foi à Copa da África. Mas, após o Mundial, seguiu na lista de Mano Menezes. Foi o goleiro titular na estreia do técnico, diante dos Estados Unidos.
O pegador de pênaltis
O ano de 2010 també foi positivo no Olímpico. Afinal, conquistou o Gauchão e renovou seu contrato até 2015, num vultoso plano de carreira armado pelo clube. Também se consagrou como um goleiro pegador de pênaltis. Para se ter uma ideia, naquele Brasileirão, chegou em certo momento a defender cinco de nove cobranças.
De 2008 a 2012: Victor no Grêmio
Jogos
263
Título
Gauchão 2010
Foi capitão duas vezes, com Silas e Caio Júnior, nos anos de 2010 e 2012
Apesar da falta de títulos expressivos no Grêmio, Victor tinha o respaldo da torcida. O vazio deixado por Danrlei desde 2003, enfim, parecia estar bem preenchido. Desde aquela época, o clube testou um número infindável de alternativas. Goleiros da base, estrangeiros... Uma sequência tão longeva só foi possível com Victor.
No dia 22 de abril, por exemplo, contra o Canoas, pelo Gauchão, chegou à marca de 250 jogos. Do atual grupo de atletas, é o que mais tem jogos pelo Grêmio e o único a atuar em todas as partidas de 2012.
- Não era algo que eu imaginava, quando vim para cá - confessou Victor, em recente entrevista, lembrando a sua estreia no clube em 19 de janeiro de 2008, contra o 15 de Novembro, pelo Gauchão, vitória por 3 a 0.
"Trauma Gre-Nal"
Os números expressivos, no entanto, pareciam evaporar quando o assunto era Gre-Nal. Apesar de não contabilizar nenhum 'frango', acabou estigmatizado como um goleiro de pouca estrela no maior clássico do Rio Grande do Sul. Teve uma falha marcante em chute de D'Alessandro, no Brasileirão de 2009, que definiu o placar (confira ao lado).
Discussões aficcionadas e comparações clubísticas à parte, o certo é que os números confirmam um aproveitamento pouco animador: 29,6% (venceu quatro, empatou quatro e perdeu dez vezes) e média de 1,4 gol sofrido por jogo nos 18 confrontos com os colorados.
Em 2011, parecia que o fantasma que se abatia em Gre-Nais havia se alojado, inconveniente, debaixo das traves de Victor, sem trégua. No lugar dos milagres, as falhas - mesmo não constantes, mas pontuais, elas deixaram o torcedor preocupado.
Paulista de Santo Anastácio com jeito gaúcho
Victor recebeu em abril de 2012 medalha da Brigada Militar pelo envolvimento com a comunidade do Rio Grande do Sul: "Fiz questão de viver a cidade desde o meu primeiro dia", disse.
O ápice ocorreu no Brasileirão, diante do Flamengo, de Ronaldinho, no Engenhão. Victor tentou driblar o desafeto tricolor, acabou desarmado na área e levando o gol. A falha se deu dias após o seu retorno da Copa América.
Em seu lugar, Marcelo Grohe havia feito cinco bons jogos, com direito a pênalti defendido. E uma corrente se formava pedindo a dança de cadeiras no gol azul.
- As críticas eram corretas. Acabei oscilando demais em 2011 - analisa, tranquilo como se estivesse curtindo as férias na sua Santo Anastácio, no interior paulista, ao lado da esposa Giseli.
Victor visitou a Arena na última quinta e se postou no espaço das futuras traves, ao lado de Odone. Agora, só voltará ao estádio com ele pronto - e como rival do Grêmio
A mudança no posto não aconteceu. E Victor começou 2012 melhor. Lembrou por vezes o camisa 1 milagreiro de 2008. O mesmo que fez a torcida clamar por sua convocação à Copa, em 2010. E o que garantiu o 2 a 0 do Grêmio sobre o Flamengo, no último domingo.
Um adeus de luxo. Mesmo que ninguém soubesse que aquele seria o desfecho, Victor deixou o recado aos gremistas de como gostará de ser lembrado.